domingo, 14 de março de 2021

Digestão e Absorção de Carboidratos

 Introdução

Sabe-se que os glícideos estão entre os principais macronutrientes presentes em nossa dieta, além disso eles possuem características como alta carga energética e de rápida liberação, também são hidrofílicos, e sua dinâmica é muito fluída, podendo circular em nosso organismo facilmente, além disso participam da formação de estruturas de células e de ácidos nucleicos.

Mas o que são glícideos?

Trata-se de macromoléculas orgânicas, conhecidas como carboidratos, formada por carbono, hidrogênio e oxigênio (CH2O)n.

Podem ser classificados em polissacarídeos (alto peso molecular) ou em oligossacarídeos, dissacarídeos e mesmo hexoses (baixo peso molecular)


Classificação:

1. Monossacarídeos: 

Não podem ser hidrolizados em compostos mais simples, normalmente com sabor adocicado e podem ser trioses (3 carbonos), tetroses (4 carbonos), pentoses (5 carbonos), hexoses (6 carbonos), heptoses (7 carbonos). Ex: Glicose, Frutose, Ribose e Galactose.

2. Dissacarídeos: 

Compostos por dois monossacarídeos ligados por por ligação glicosídica. Os dissacarídeos são os oligossacarídeos (ligação de 2 a 6 monossacarídeos) mais importantes. Ex: Maltose (glicose + glicose), Sacarose (glicose + frutose) e lactose (glicose + galactose)

3. Polissacarídeos:

Polímeros compostos por vários monossacarídeos. Estes não são solúveis em água. Ex: Amido, glicogênio e celulose.




Digestão

A estimulação do parassimpático provoca secreção abundante de saliva aquosa. O estímulo inicial para essa ocorrência pode ser o contato do alimento com a mucosa oral, o odor, etc... A digestão iniciará na boca, com a ação da enzima amilase salivar/ptialina (presente mais em primatas e humanos), que atua quebrando o amido (amilose + amilopectina) (hidrolisa as ligações glicosídicas) mas pode agir digerindo glicose também.

Essa enzima é produzida pelas glândulas salivares (glândula sublingual, glândula submaxilar e glândula parótida) e rompe as ligações ALFA 1,4 (tendo Cl como cofator).

As ligações ALFA 1,4 estão presentes em amilose, amilopectina (também possui ligação ALFA 1,6 então não consegue ser totalmente digerida) e glicogênio.

Contudo a enzima amilase salivar tem ação limitada pois a mesma exige um pH neutro, sendo sensível ao meio ácido, logo ela continua desempenhando sua função até chegar no estômago, onde sua ação é inibida devido ao pH ácido do estômago. Essa enzima perde sua função pois desnatura (perde sua estrutura e consequente perda de suas propriedades). No estômago não ocorre digestão de carboidratos.


Já no intestino delgado, a enzima atuante será a amilase pancreática que é liberada junto com o suco pancreático. Esta também rompe ligações ALFA 1,4. A ação dessa enzima resultará em maltose, dextrinas e isomaltose.

No intestino delgado (duodeno) ocorrerá digestão na região luminal (digestão luminal), como também na região membranosa (MBL) (digestão entérica/membranosa) especificamtente na borda em escova do enterócito.

Os glícideos contidos no bolo alimentar atravessam o estômago, de um modo geral, sem sofrer alteração. Após isso sua digestão dependerá de enzimas de origem pancreática que o atingirão na luz intestinal e de enzimas das próprias células que o antigirão na membrana.

Na luz intestinal ocorre a ação de enzimas como maltase (quebrando a maltose em 2 glicoses), sacarase, lactase e isomaltase (que rompe as ligações ALFA 1,6 da isomaltose), resultando em monossacarídeos que formam a sacarose, lactose e isomaltose, ou seja, no final do processo de digestão encontramos os seguintes monossacarídeos: glicose, frutose e galactose que serão absorvidos pelos enterócitos.

Absorção

Agora o processo de absorção será dentro dos enterócitos. As hexoses resultantes não permeiam facilmente na bicamada lipídica das membranas celulares dos enterócitos. São transportados por carreadores específicos.

Do lúmen intestinal a glicose a galactose são transportadas ativamente pelo carreador SGL-T.

Há um acoplamento do influxo de 1 mol de glicose ou de galactose e 2 moles de Na+. Este portanto é um cotransportador 2Na+: glicose e galactose, eletrogênico que depende tanto do gradiente eletroquímico como do potencial elétrico da membrana luminal.

Logo, a absorção intestinal de glicose e de galactose através da membrana luminal é feita através de transporte ativo secundário acoplado ao influxo de Na+.

Importante ressaltar que a inibição da Na+K-/ATPase inibe a absorção intestinal dessas hexoses porque dissipa o gradiente de potencial eletroquímico para Na+ através da célula.

Ademais, redução de Na+ luminal ou sua ausência também afeta a absorção intestinal dessas hexoses, porque diminui a afinidade do SGL-T para glicose e galactose.

Já na membrana basolateral (MBL) essas hexoses são transportadas passivamente por difusão facilitada mediada pelo carreador pertencente à família dos GLUT.

GLUT 2: é um transportador do tipo passivo e leva a glicose que entrou junto com o sódio para fora da célula intestinal em direção ao sangue (sai na membrana voltada para os capilares). A glicose então é absorvida através da veia porta. Esse transportador também faz esse mesmo processo com a frutose e a galactose.

GLUT 5: é um transportador do tipo passivo e leva a frutose da região luminal para dentro da célula intestinal, independente do acoplamento com o Na+.

Depois dos monossacarídeos serem absorvidos e enviados para a circulação sanguínea, eles vão para o fígado (onde a glicose que resta é convertida em acetil-coA, que pode ser utilizado para gerar energia ou ser utilizado para a formação de ácidos graxos), através da veia porta onde serão metabolizados e distribuídos para o organismo. 


Referência: Aula transcrita ministrada dia 18/02/2021 pela professora Adriana Pedrenho.

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